Clãs de ontem e de hoje

Apesar de nossa modernidade e civilidade, ainda engatinhamos ao lidar com a diferença, o diferente. Discriminações de por credo, raça, classe, sexo, origem, indumentária, sotaque, e outras tantas são diversas formas de não aceitação do diferente. Essa dificuldade pode ter alguma raiz em nosso passado evoluivo e cultural, então, é algo a ser combatido no dia a dia, por todos.

Temos uma componente histórica – cultural ou genética – que talvez nos impele a ter medo do diferente, do desconhecido. Talvez tenha sido um comportamento vencedor no passado, pois o desconhecido pode trazer de fato riscos, entretanto hoje esse comportamento pode não ser adequado em alguns momentos.

As cidades modernas dissolveram, ao menos aparentemente, os clãs. São unidades maiores que as famílias e menores que as cidades. Entretanto, ainda temos a expressão dessa forma de agremiação humana, latente em nossa sociedade.

Ela se apresenta como uma necessidade de divisão da cidade em grupos, em times, em partes. A face mais evidente dessa divisão é o futebol. Grandes cidades proporcionam pelo menos um par de alternativas antagônicas de times. Outras vezes a rivalidade se exprime em outros esportes, escolas de samba, rivalidades por bairros, religiões, crenças políticas, e outras tantas manifestações que, no fim das contras, revelam uma necessidade de separar o “nós” do “eles”.

Esse antagonismo necessário reflete o tempo dos clãs, quando desconfiar do diferente era uma atitude vencedora.

As sociedades modernas, e as cidades – sua aglomeração mais comum – não convivem bem com essa lógica. As cidades são, ou deveriam ser, um ambiente seguro, onde o diferente não é mais uma ameaça. Montamos dispositivos e aparato sociais para tentar garantir a preservação do diferente. Entretanto, o medo do diferente se manifesta continuamente.  A caminhada da civilização é longa.

 

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