O jeito Lean de ser

mvp_way

Era uma vez a Internet. E ela permitiu a publicação de páginas por qualquer um. E qualquer um as podia acessar. E as usaram também para publicidade. Então as páginas foram ficando mais e mais interativas. E a propaganda pode pela primeira vez medir a resposta em tempo real. Diga-me como interages comigo, e direi quem és… pelo menos como és, de que grupo és. E te apresentarei ofertas direcionadas, personalizadas. One to one.

E da mesma forma vieram os serviços pela Web. E também puderam medir imediatamente a interação dos usuários com os serviços. Se ninguém clica no nesse botão ‘enviar’, ou ele não é necessário, ou ele está mal colocado. Então deixaram de tentar inferir o que o cliente quer: agora podiam deixá-lo decidir. Não adivinhe, ouça.

E a Internet trouxe uma nova forma de executar projetos. Não projete grande, faça algo funcional e pequeno. Veja o que seu público acha. Adote as mudanças sugeridas. De volta ao publico, novas sugestões, novas mudanças. Quem usa aplicativos de celular ou Firefox já deve ter notado como as atualizações são frequentes.

E então vieram as StartUps e começaram a usar essa técnica. Não gaste energia em uma funcionalidade que você não sabe se o público quer. Construa um Mínimo Produto Viável (MVP) e apresente-o. Melhore-o com os feedbacks.

O termo Lean está na moda. Se errar é aprender, então descubra rápido que está errado. Rápido e barato.

Não acho que esse design incremental substituirá o design ‘big bang’. Apenas é uma nova forma de fazer, quando é possível coletar informações dos clientes – para a Internet isso é natural. Não o é para uma refinaria.

Que outras áreas podem ser Lean? Já temos Lean StartUp, Lean Enterprise, Lean Software Development, Lean Manufacturing, Lean Management. Vai haver uma explosão de Lean-alguma-coisa. Quem sabe não conseguiremos ter até Lean-escola e Lean-democracia.

O mundo das Lean-coisas é o mundo em que essas coisas ouvem o seu público, e atendem o que ouviram.

Salman Khan: Vídeo para reinventar a educação

Salman Khan começou a fazer alguns vídeos para suas sobrinhas, ajudando-as em algumas aulas. Os vídeos começaram a ser usados por muitas pessoas ao redor dos EUA e pelo mundo. A esposa de um capitalista de risco viu os vídeos e começou a apoiar a iniciativa de Khan, trazendo dinheiro beneficiente e arrecadando doações. Ele montou a Khan Academy, que possui hoje mais de 2.600 vídeos.

Apesar da simplicidade proposta, Khan tem sido muito inovador, ao ponto de Bill Gates fazer a sua apresentação no TED.

O vídeo abre discussões sobre vários aspectos. Logo após 14º minuto há um gráfico que me marcou: mostra crianças que começam lentamente e, de repente, se tornam aprendizes rápidos. Isso contraria as espectativas comuns, de que no primeiro instante todos já mostram como será o desempenho. “Cada um à sua velocidade” é um dos seus pontos fortes.

A grande vantagem dos vídeos é que eles permitem recuperar o atraso. Pessoas que não entendem uma lição podem ficar definitivamente em desvantagem em aulas tradicionais. Com um vídeo, elas podem assistir quantas vezes for necessário, recuperar o atraso e voltar à corrida em pé de igualdade.

Isso me lembra o processo de aprendizagem de desenho de Betty Edwards, em seu livro “Desenhando com o lado Direito do Cérebro”. Ela descreve que aprender a desenhar tem um carácter abrupto – as pessoas não vão melhorando, mas a ficha cai de um momento para outro, como se as pessoas “aprendessem a desligar”, temporariamente, o lado esquerdo do cérebro.

Note que ele possui muitos exemplos em matemática porque foi onde ele começou e onde muitos sentem necessidade. Entretanto, há vídeos em várias áreas do saber.

Uma coisa que me fascina no uso de vídeos para a aprendizagem (como alternativa e complemento ao livro, não ao professor) é que eles podem ensinar o conhecimento tácito. Por exemplo, tente ensinar um nó de gravata através de um texto – muito difícil e tortuoso para o aprendiz.  Mas assista alguns vídeos no YouTube e … voilá.

Acredito que a Internet muda o mundo e como fazemos as coisas: como trabalhamos, como nos comunicamos, como exprimimos nossos pensamentos – qualquer um pode publicar o que quiser. Precisamos nos adaptar a esse novo mundo, a essa nova maneira de ver as coisas. Não se trata mais de saber tudo, mas se saber buscar e aprender… muito menos saber e mais pesquisa e absorção. Aprender a aprender é mais importante do que o conteúdo de fato.

Tive oportunidade de experimentar o uso de vídeos (a rigor, screencasts, gravações narradas das operações feitas na tela do computador). Foi quando percebi que as algumas vezes é melhor alguém ver como se faz, do que ouvir ou ler a descrição. Era exatamente o que acontecia em aulas práticas de informática. O resultado foi muito bom, definitivamente.

Jason Fried: Porque não se trabalha no local de trabalho

Nesta palestra concedida ao TED.com, Jason Fried faz algumas provocações bastante interessantes. Acho que a visão dele é importante para quem pensa e se preocupa com produtividade, com o rendimento e efetividade do trabalho e, com o empreendedorismo, intra-empreendedorismo e empresariamento.

Jason Fried publicou um recente livro, Rework, ainda só em inglês, em que detalha as suas idéias.

Acho que algumas de suas propostas são bastante corajosas, seguramente polêmicas, mas valem à pena ser pensadas a sério.

Empresas gastam muito tentando criar escritórios e ambientes que sejam adequados ao trabalho. Entretanto, ao perguntar às pessoas quando são mais produtivas, as respostas são surpreendentes.

Algumas tecnologias criam mais formas de interromper as pessoas. Ora, em algumas tarefas e trabalhos a interrupção é danosa –Fried faz um paralelo com as fases do sono. Pensar a tecnologia junto com os objetivos do trabalho e avaliar sempre seriamente o teletrabalho é, algo bastante sério.

Vale assistir e refletir!

O vídeo original está aqui:
http://www.ted.com/talks/jason_fried_why_work_doesn_t_happen_at_work.html

Churchill sobre a Empresa Privada

Alguns vêem a empresa privada como um predador a ser abatido, outros como uma vaca a ser ordenhada, mas muito poucos a vêem como um poderoso garanhão puxando a carreta.

Winston Churchill

Essa frase de Churchill continua muito verdadeira. A visão negativa da empresa ainda é muito difundida. Não sei se por questões de influência ideológica, por não termos uma forte tradição empresarial, ou por nossa tradição empresarial não ser de fato empresarial, mas vinculada à nossa história:

  • Os primeiros que vieram tinham o intuito de extrair, enriquecer e voltar;
  • Depois tivemos o período “Casa Grande e Senzala”, que em muitos lugares se arrasta;
  • Ainda tivemos a Lei de Gerson.

Sou otimista, acho que estamos mudando e temos que mudar. Em tudo há o lado positivo e o negativo. Enxergar empresas como a essência da exploração não ajuda ao desenvolvimento, uma vez que este é realizado por elas.

Tem, isso sim, é que criar um ambiente onde as regras do jogo garantam uma competição justa, não premiando espertos de plantão.

Não podemos matar o garanhão, pensando que é um predador, nem deixar os que acreditam se tratar de uma vaca, matá-lo de tanto ordenhá-lo.